Aqui estou eu... Sobre a tradicional postagem anual de
alguém que insiste em não abandonar completamente o blogger. Talvez esse
blogger fale muito de mim. Ou nem tanto, uma vez que todos os anos eu sou uma
pessoa completamente diferente de quem fui quando escrevi a última postagem. Ou
talvez não, tolice a minha. O fato é que essa leitura não é para todos, eu
escrevo talvez para mim mesma, para testar minha própria sensibilidade, como
alguém me disse um dia. Em um mundo de pessoas egocêntricas de mais, quem quer
tempo para ver as postagens alheias? O jogo do contente é exatamente esse, ver
o lado bom até na existência de pessoas egocêntricas e saber que estas pessoas
não se importam tanto com o que escrevo faz com que eu me sinta à vontade pra
me revelar. De uma forma velada, mas que ainda insiste em expor, em comunicar. Aliás,
comunicar é preciso. E sem mais delongas, vamos lá:
Não quero falar sobre o ano de 2016. Mesmo sendo o ano em que ruivei. E que superei tantas coisas de um passado tão rastejante. Mas eu não gosto de anos
que terminam com o número 6, e eu não gosto de anos em que uma presidenta
eleita democraticamente saiu da presidência diante de um acordo de pessoas que
claramente não mereciam uma vida política, no sentido mais genuíno da origem
atrelada a palavra pólis. Nem do ano em que Bolsonaro declara no estado
vitorioso: “"Perderam em 1964, perderam em 2016!". Cara acho que
nunca falei palavrão nesse blog, mas que ano cuzão politicamente falando esse
ano. Para o Brasil, para o mundo. Que triste ver a intolerância se arrastando e
se eu continuar estarei falando de 2016 que tá sendo triste, trágico e que
lembra que da caixa de pandora só resta a esperança. Esperançar é preciso, como
diria Paulo Freire. Por isso vou falar de Vinte e sete. Sim da minha idade numérica favorita que foi
vivenciada esse ano. Talvez eu tenha esperado muito por essa idade. Eu não
consigo pensar em outra idade que desejei tanto saber como seria, que vivências
eu teria. Eu sonhava em ter vinte e sete anos desde criança. Parece loucura,
que seja! Quem não tem um pouco de loucura não sabe o melhor dos sabores da
vida. O que mais esperar de quem já teve uma amiga árvore na infância? Enfim esse
seria outro post pra falar do meu amor pela natureza. Mas o post de hoje é pra
falar de amor de modo geral, o amor que senti antes de tudo, por mim mesma por
ter chegado numa idade tão sonhada. Eu e meu misticismo sempre teve uma ligação
sincera com essa idade. Talvez eu desejasse e acreditasse tanto que coisas boas
acontecessem nessa data e que todos os meus desejos se tornariam realidade
desde que eu fosse a luta ( uma vez que parafraseando O Teatro mágico – Uma das
melhores obras de arte que presenciei nesse ano no show em Manaus - Milagres acontecem quando a gente vai a
luta) . E cara eu penso tantas coisas quando estou escrevendo que duvido que se
alguém for ler vai conseguir acompanhar meu raciocínio, porque talvez não seja raciocínio.
Aqui apenas sinto, sinto muito e transbordo em palavras. Risos . Okay, alô Déficit
de atenção, foco! Eu falava dos vinte e sete. E falei que sentia que tudo que
desejasse com vontade poderia realizar , mas a vontade de potência, sabe!?
Aquela que faz acontecer. E aconteceu. Para que essa idade fosse mais
realizadora ainda , porque promissora eu sabia que era, só faltou o doutorado.
E eu sabia , em um otimismo enlouquecido, que por mais difícil que fosse, se eu
tentasse eu poderia ser aprovada e a essa altura eu já estaria fazendo planos
sobre minha nova vida em um novo lugar longe daqui. Faltou coragem pra isso. Eu
lembro de dizer pra mim mesmo algo que já ouvi antes não lembro onde: Cuidado
com seus desejos, eles podem se tornar realidade. E foram se tornando. Eu
sempre desejei trabalhar muito,fazer muitas coisas , ajudar muitas pessoas de
alguma forma com meu trabalho, começar a construção de um mundo melhor aos
poucos. E nossa , como eu trabalhei. Recebi promoções de responsabilidades e
trabalho, dinheiro nem tanto. Talvez soubessem que isso nunca me motivou de
verdade. Não, não vivo sem dinheiro , não sou hipócrita mas eu acredito nas
causas impossíveis. A la Dom Quixote, Tudo bem seja por amor as causas
perdidas. E por acreditar tanto, e trabalhar tanto por amor a essas causas,
conquistei inimigos. Sim , eu que nunca pensei que teria inimigos, e esse não
foi um desejo para os vinte e sete. Mas talvez eu tivesse que aprender algo com
isso, como a rezar por essa pessoa. E quantas vezes eu rezei por ela hem! Rezei
muito. Talvez não tenha sido só uma inimiga, talvez tenha ganhado mais.
Acontece que sempre me vi muito mais em amigos e esse ano era visível pessoas
que não gostavam de mim exatamente pelo que eu queria fazer: o trabalho mais
certo. Ser certinha de mais sempre vai incomodar alguém. Okay, continuarei
incomodando se for preciso. Se não for pra ser autentica nem quero. E falando
em autenticidade e rezar, eu que sempre colecionei as diferentes religiões que
conhecia e pareciam apenas coleção pois ficavam lá no cantinho do pensamento ou
no máximo simbolizada no meu mini altar mas sem grandes comprometimentos. Eis
que esse ano surge uma nova luz, e eu me torno membro da igreja messiânica. Por
quanto tempo, não sei! Eu sou muito cristã apesar das minhas andanças no
budismo a fé bahái entre outras não cristãs. O fato é que pela primeira vez
consegui me comprometer com alguma religião . O motivo principal: a possibilidade de ministrar johrei e ajudar
pessoas a ficarem bem , a se sentirem bem, a fazerem o bem, a serem o bem. Eu
já experimentei várias religões, engraçado que falo isso como se , enfim.
Experimentei mesmo. Talvez não tenha frequentando tanto mas todas que conheci,
li , estudei, meditei, orei, tentei seguir ao máximo os ritos e realmente me
sentia conectada. Algumas eu quase tive certeza que enfim tinha encontrado o
lugar pra ficar mas não ficava. Continuo com a mesma sensação , a diferença
agora é que estou ficando. E advinha só, a data de outorga e oficialização na
religião, foi? Vinte e sete de dezembro.
Coincidência ou não, mais um grato presente dos vinte e sete anos bem
vividos e lançados a existência.
No mais eu não poderia deixar de falar de amor. Será que eu
sei o que é amor? Talvez Raul Seixas ,o grande , pudesse falar por mim: “Sobre
o que é o amor, sobre o que eu nem sei quem sou. Se hoje sou estrela amanhã já se apagou, Se hoje eu
sou estrela amanhã já se apagou. Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor”... Enfim talvez esteja vivenciando algo próximo a
esse sentimento tão bonito e por inúmeras vezes tão banalizado. As vezes tenho
dúvida do que sinto porque tem uma relação tão forte com apego e o meu
entendimento sobre o amor sempre foi associado a qualquer coisa com liberdade,
com deixar ir, com desapegar. Até que eu vivenciei a partida. E tudo mudou. E
de repente mudam-se as concepções porque mudaram os sentimentos e o amor passou
a ter uma associação com qualquer coisa relacionada ao ficar. Sim ficar. De
estar presente. De não ir, mesmo que seja necessário partir. Mas de permanecer
,por escolha. Afinal amar, já diria Paulo Freire, é um ato de coragem. E não é
para covardes. Talvez os vinte e sete tenha me mostrado que amor tem qualquer coisa
de apego embora eu tente lutar contra
isso todos os dias . As vezes me assusto com a dimensão do apego presente em
mim e na relação que os vinte e sete anos me deu. E sim , talvez eu tenha que
levar vinte e sete flores pra Iemanjá. Talvez não. Eu tenho. Risos. Porque os
vinte e sete anos me deu de presente alguém pra amar, pra concordar com as
palavras do poetinha: Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz
sozinho. Até quando? Também não sei. A
única certeza que tenho sobre mim , sobre o mundo é que tudo passa. Eu nem sou
capaz de fazer promessas eternas. Promessas que eu não poderia cumprir , porque
o eu de hoje não é o mesmo que acorda amanhã . A metamorfose é constante . Mas
eu posso prometer cuidar para que o que for bom não passe, é tudo que cabe a
mim. O resto é transitoriedade, facticidade e o caos da existência indefinida e
cheia de possibilidades o tempo todo. Talvez os vinte e sete anos tenha me
mostrado que eu precisava ser menos egoísta, logo eu que sempre tive aversão a
esse tipo de pessoas, demorei a reconhecer que eu fui e sou bastante. Que eu
sempre gostei muito da minha companhia e que eu sempre tive absurda dificuldade
em compartilha-la com alguém. Até que eu desejei querer compartilhar , viver
algo novo. E os vinte sete como mágica realizou o desejo. E quantos sentimentos
e vivencias diferentes eu tive por me permitir compartilhar. Eu ainda me
assusto com isso, confesso. Afinal são vinte e sete anos, myself and I. E sempre foi muito mais fácil fugir da
companhia real de alguém do que vivencia-la em um relacionamento. Hoje eu lido
com isso , com todas as dores e delicias
. E quando alguém me pergunta se estou bem, nesse ano, sendo sincera. Apesar de
2016, das dores do mundo, das tragédias ,da crise , eu posso responder por mim sinceramente
que sim. Hoje eu já não falo mais que estou bem para agradar as outras
pessoas que se importam comigo. Eu realmente estou bem. Esse ano eu até voltei
para terapia porque eu me assustei tanto com a nova Adria desse ano , que eu
precisava transcender. Eu fiz yoga, eu comecei a cumprir algumas das metas da
lista que fiz em 2015 , ainda existem grandes pendências, entre elas a minha
viagem pela América Latina e Europa, mas talvez elas não caibam nesse vinte e
sete anos , que foi tão intenso. Na vida profissional, afetiva, familiar
,social e espiritual. Mas essas viagens cabem na vida e na vida cabem todos os
sonhos . Que em 2017 nós possamos seguir sonhando, desejando e realizando. Que
a gente não tenha medo do novo e sim de não mudar. Que a gente tenha coragem! E
que sejamos gentil. Com a gente mesmo, claro. E sempre. E com o Outro.
Ps: Eu teria muito mais pra escrever , mas como viver não
cabe no lattes, nem na postagem , eu apenas existo e deixo aqui o essencial. Apesar
de que o essencial é invisível aos olhos ,até porque é existência pura. Mas
enfim , a verdade é que estou com sono. E a vida segue, as séries pra ver no
recesso de fim de ano também. Tenha uma vida bonita!
Nenhum comentário:
Postar um comentário